Marca-se algo com fogo, para que fique na memória: somente o que não cessa de doer permanece na memória; é esta uma sentença da mais antiga psicologia na terra. Nunca ficou sem sangue, tortura e sacrifício, quando o homem achou necessário gravar algo na memória, os sacrifícios e oferendas mais repulsivos, mutilações mais repugnantes, as formas rituais mais cruéis de todos os cultos religiosos (e todas as religiões, na sua base mais profunda, são sistemas de atrocidades); tudo isso tem sua origem naquele instinto que adivinha na dor o mais poderoso auxiliar da mnemônica. [...]
Ah! A razão, a seriedade, o domínio sobre os afetos, toda esta coisa lúgubre que se chama pensar, todos estes privilégios e faustos do homem; quão caro eles se fizeram pagar! Quanto sangue e horror estão na base de todas as “coisas boas”!
5 comentários:
O papel da coação, que caracteriza não apenas o começo, mas também a evolução de todas as formações políticas, consiste, não só nas punições de qualquer um que fira a ordem imposta, mas também na fome do indivíduo que o obriga a sempre sujeitar-se de novo às condições dadas de trabalho das quais faz parte seu bom comportamento na maioria das esferas da vida.
Os terrores se transformaram em medo e o medo, em cautela.
O que, no fundo, causa revolta contra o sofrimento não é o sofrimento em si, mas a falta de sentido do sofrimento. Essas circunstâncias levaram, à descoberta da origem da religião, deveriamos saber por que e para que sofremos. Através da idéia de migração da alma, algumas sociedades, como a Indiana, interpretaram, o superior e o inferior, como consequências de ações de uma outra vida. Resulta dai, uma razão para que as camadas inferiores não desejassem qualquer mudança social. Esperavam elevar-se na próxima encarnação.
Que péssimo né senhores!
Lealdade desses indivíduos a esse sistema cruel.
É, a religião foi (e mais do que nunca é) componente importante do complexo de ideologias legitimadoras da ordem dominante.
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