sexta-feira, 5 de setembro de 2008

.Deveria eu ter o pensamento conjunto com meu tempo, mas não, atrevo-me sempre a dialogar com barbados.



Iria suportar a caduquice do mundo, o soco, a selvageria, a bestialidade do século, a fetidez da terra, iria suportar até as retinas cruas, as córneas espelhadas, as mil perguntas mortas. Iria? Suportaria guardar no peito esse reservatório de dejetos, estanque, gelatinoso, esse caminhar nítido para a morte, o vaidoso gesto sempre suspenso em ânsia para te alcançar. Suportaria o estar viva, recortada, um contorno incompreensível repetindo a cada dia passos, palavras, o olho sobre os livros, inúmeras verdades lançadas à privada, e mentiras imundas exibidas como verdades, e aparências do nada, repetições estéreis, farsas, o dia-a-dia do homem do meu século?

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