Eu queria que você viesse penso tanto que quase acontece...
quarta-feira, 30 de maio de 2012
terça-feira, 29 de maio de 2012
.Destino: Recife.
O tempo revela a proximidade e marca o que é preciso manter.
Te envio um sorriso e um abraço apertado.
Parabéns, Alterego.
Lembrado por Lg. às 14:46 1 ...plebiscito...
sexta-feira, 18 de maio de 2012
.Como já disse, existe em nós uma saída pra tudo.
Hoje me sinto ridícula.
Eu ia mandar o trabalho para a
Alemanha, porque somente a Alemanha, a grande fera pecadora, a que se puniu,
punindo, é que ia entender a dimensão das futuras punições que eu vaticinava ao
homem. Não mandei e não fui. Ou se fui, fiquei, saí muito rápido. Deve ser
porque sopraram no meu ouvido: você está com uma úlcera na córnea, e por isso
eu te aconselho a escrever daqui por diante coisas de fácil digestão, que você pode fazer com pouco esforço, acaba com a mania de escrever o que
ninguém entende, que só você é que entende, é por causa dessas coisas que você
tem agora uma úlcera na córnea.
HISLT,
H. Fluxo-Floema. São Paulo: Globo, 2003, p.30.
Lembrado por Lg. às 17:10 7 ...plebiscito...
.A estrutura do.
O teu corpo está velho, teus ombros
se estreitaram, teu peito afundou, tu, com a tua matéria espessa, eu com a
minha matéria escassa, eu atravessando as paredes, que alívio, eu no jardim,
subindo no tronco, sentado nos galhos, eu me alongando como um peixe, eu me
tornando todas as árvores, todos os bois, as graminhas, as ervilhas. Você no
seu corpo velho.
HH. Procure você mesmo.
Lembrado por Lg. às 16:53 0 ...plebiscito...
quinta-feira, 17 de maio de 2012
.É doloroso sair de si mesmo, vem uma piedade enorme do teu corpo.
Levanto-me e encaro-o. Digo: olhe
aqui, o incognoscível é incogitável, o incognoscível é incomensurável, o incognoscível
é inconsumível, é inconfessável. Ele me cospe no olho, depois diz: ninguém está
te mandando escrever sobre o incognoscível, estou dizendo não se esqueça do incognoscível.
Ah, está bem. Finjo que entendo. Quem é você, heim? Ele está começando a perder
a paciência, está se aproximando, me esbofeteia, não faz mal, vai batendo, vai
me arrancando os dentes, corta a minha língua, faz o que quiser mas eu não sei
responder.
HISLT, H. Fluxo-Floema. São Paulo:
Globo, 2003.
Lembrado por Lg. às 01:32 0 ...plebiscito...
.Fecho a porta de aço do meu escritório-quarto.
Eu digo: pare;
Ela diz: você é anti-social, é
burguesinho besta.
Muito bem, abro a braguilha e começo
a me masturbar. Ninguém se mexe. Sorriem obliquamente. Guardo a coisa.
Levanto-me. Grito: bando de inúteis, corja porca, até que inventei uma bela
sonoridade, muito bem, corja porca, mas essa gente não percebe nada, eu poderia
ter dito creme de leite, caju, caguei, anu, são uns analfabetos, uns
instrujões, uns estrujões, uns estru, os corjaporcagueicajuanu.
HISLT,
H. Fluxo-Floema. São Paulo: Globo, 2003.
Lembrado por Lg. às 01:00 0 ...plebiscito...
domingo, 6 de maio de 2012
.Badalada estranha.
Se fosse bom não chegaria, mas o oco dos dias atravessou estados e
Estados, quebrou cercas, voou rios e estacionou ai. Por mais que corra, ou cave
ou crie estratégias o oco não sai, a saudade também não, “por mais que se mova
o trem, tu não te moves de ti”, ela já disse. Oco-companhia. Aquele vazio
parente, espaço nada, tarde igual, domingo cansado, escrita repetida, diálogo
curto, cidade mesma. !Se ao menos a criança chorasse. Fotografias para revelar.
Esperança velada, resquício morno, felicidade moderna. Oco-companhia. De você
nada, palavras e correrias. Polidez, por fim.
LG
Lembrado por Lg. às 16:12 1 ...plebiscito...
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quinta-feira, 3 de maio de 2012
.Olhos de lince e dois metros de altura.
Sugeriram-me que a lua de mel tivesse
como cenário Salvador, retruquei, de primeira. Não se passa lua de nada em
Salvador, se passa sol, calor, agitação, mas lua, Amor? Lua, não! Nunca pensei
que usaria esse recurso ridículo, aumentativo desnecessário. Não gosto. Tenho
tido facilidade de expressar sem delongas e rodeios o que não gosto. Tudo
parece mais leve, verdadeiramente nítido, como se as palavras que faltavam
(ainda faltam), mas não machucam a-Verdade, vão saindo aos poucos. Vou
amontoando citações e compensando a demora, estive ausente de inspirações e
impulsos. Como outra viagem. Bethânia e Hilst de mãos dadas, acompanhando o
novo que se agiganta. Necessito de tantos espaços em branco para contar parte das
lembranças recentes, da grande metamorfose, na área ativada da memória que
precisei ajustar. De como Deus virou confidente, palpável, sorridente. De como
Beckett ganhou minhas lentes. De como as lentes engrossaram e as armações
ficaram mais sérias. Do modo como nunca mais ouvirei Manuel Bandeira sem querer
chorar, ou sorrir, ou relatar um acontecido. Da cromoterapia que me submeti. Do
seu olhar certeiro, das suas mãos quentes, dos seus seios-moldura.
LG
Lembrado por Lg. às 17:20 2 ...plebiscito...
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