Quando saia de casa percebeu que a chuva soletrava uma palavra sem nexo na pedra da calçada. Não percebeu que percebia que a chuva que chovia não chovia na rua por onde andava. Era a chuva que trazia de dentro de sua casa; era a chuva que molhava o seu silêncio molhado na pedra que carregava. Um silêncio feito mina, explosivo sem palavra, quase um fio de conversa no seu nexo de rotina em cada esquina que dobrava. Fora de casa, seco na calçada, percebeu que percebia no auge de sua raiva que a chuva não mais chovia nas águas que imaginava.
Quem sou, sinceramente, estudante de sociologia, daquelas pessoas que para sempre terão que conviver com a pergunta da vizinha: mas o que você faz mesmo? Leitora viciada e jogadora de xadrez aposentada.
Nasci para escrever. A palavra é meu domínio sobre o mundo. Eu tive desde a infância várias vocações que me chamavam ardentemente. Uma das vocações era escrever. E não sei por que, foi esta que eu segui. Talvez porque para outras vocações eu precisaria de um longo aprendizado, enquanto que para escrever o aprendizado é a própria vida se vivendo em nós e ao redor de nós.
Já que se há de escrever, que pelo menos não se esmaguem com palavras as entrelinhas" Clarice Lispector
3 comentários:
Quando saia de casa
percebeu que a chuva
soletrava
uma palavra sem nexo
na pedra da calçada.
Não percebeu
que percebia
que a chuva que chovia
não chovia
na rua por onde
andava.
Era a chuva
que trazia
de dentro de sua casa;
era a chuva
que molhava
o seu silêncio
molhado
na pedra que carregava.
Um silêncio
feito mina,
explosivo sem palavra,
quase um fio de conversa
no seu nexo de rotina
em cada esquina
que dobrava.
Fora de casa,
seco na calçada,
percebeu que percebia
no auge de sua raiva
que a chuva não mais chovia
nas águas que imaginava.
leio sempre pra tentar matar a saudade.
Mas ahhhh como sinto falta das piadas sem sentido e das risadas sinceras.
tmb leio pra matar as saudades lala!
Postar um comentário