quinta-feira, 7 de abril de 2016

Em que momento as coisas/pessoas ficaram irritantes?

Ser justo virou sinônimo de ser besta, amar virou sinônimo de ser fraco. Ser esperto, mesmo prejudicando alguém, virou sinônimo de inteligência. Pode parar. Está tudo errado. Alfred, suponha que a sociedade exija um padrão aceitável e outro não aceitável. Aplique isso a tudo. Ir a aniversários é um comportamento aceitável, levar presente é aceitável, não levar é um pouco rude e faz com que você não seja convidado para os próximos. Ia as festas é aceitável, tirar fotos sorrindo e com copo na mão está em alta. Tirar foto de comida, não. Levar presente na primeira vez que entra na casa de alguém é fofo e gentil. A sociedade é coercitiva. E a massa? Ai, a massa! Vai à manifestação com camiseta da CBF (deixa pra lá). Coisa estranha e dissimulada. O que? As ações “humanas”. Namorar é um comportamento aceitável, noivar, casar. Gastar um dinheirão e depois morar de aluguel, tudo aceitável. Namorar é bom, mas terminar dói, aceitável e não aceitável, respectivamente. Não fazer bem ao próximo é inaceitável, entretanto, tem gente que aceita. Talvez esteja me esforçando na empatia, bonitinho isso. Melhor do que ficar interferindo na vida alheia. Isso lembra vizinhos. Não esqueça dos vizinhos e dos parentes! Todos prontos para propagar novidades, parentes são os fiscais da sociedade e dos padrões, dizem vistoriar a felicidade. Vizinhos e parentes que não te visitam naquela gripe forte, mas se sentem da família, opinam como ninguém, são mantenedores das regras e dos bons costumes. Família não é parente. Família nós aceitamos. Não namorar parece estranho, como não casar também parece e não ter filhos chega ser uma afronta. A sociedade falando! Pagar a conta parece aceitável, dividir a conta, em tempos modernos, também. Ser gentil e atencioso, aceitável. Fiel e amoroso, aceitável. Bem vestido e educado, aceitável. Tudo isso sem equilíbrio, erro. Presente e inovador, aceitável. Isolado, erro. Assistir séries ao invés de sair para o bar, erro. Ler demais, erro. Aliás, quem muito lê fica “esquisito”. O correto é ir cortando um hábito aqui, um costume ali, um pouco do seu EU acolá, e esperar que te olhem com mais complacência. No fundo a aceitação não virá de nenhuma forma, mas é capaz que se sinta menos “outsider”. Você não será você, mas talvez a felicidade criada socialmente atenda o seu EU artificial. Você, seu EU-artificial, preocupado demais para não se moldar. Existem tentativas de ser você que fracassam, mas a sua gentileza permanece lutando com tanta besteira de aceitação. Ser feliz, fazer feliz, isso é aceitável. Saber reconhecer o valor das pessoas, independente de aparência, isso é amor. Ser bom não é ser bobo, se posicionar não é ser grosso.  O nome disso é ser humano, sem aspas, que é o mesmo ser que tropeçando e se reerguendo, quando pode, constrói sua existência. Aos trancos e barrancos, como querem os antigos. Pra terminar com frase de efeito, o certo seria seguir  e aprender, dialeticamente, como se constrói o seu EU e descartar, paulatinamente, a sociedade hipócrita que nos envolve.  Bonito isso.


LG

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