Ser justo
virou sinônimo de ser besta, amar virou sinônimo de ser fraco. Ser esperto,
mesmo prejudicando alguém, virou sinônimo de inteligência. Pode parar. Está
tudo errado. Alfred, suponha que a sociedade exija um padrão aceitável e outro
não aceitável. Aplique isso a tudo. Ir a aniversários é um comportamento
aceitável, levar presente é aceitável, não levar é um pouco rude e faz com que
você não seja convidado para os próximos. Ia as festas é aceitável, tirar fotos
sorrindo e com copo na mão está em alta. Tirar foto de comida, não. Levar
presente na primeira vez que entra na casa de alguém é fofo e gentil. A sociedade
é coercitiva. E a massa? Ai, a massa! Vai à manifestação com camiseta da CBF
(deixa pra lá). Coisa estranha e dissimulada. O que? As ações “humanas”. Namorar
é um comportamento aceitável, noivar, casar. Gastar um dinheirão e depois morar
de aluguel, tudo aceitável. Namorar é bom, mas terminar dói, aceitável e não
aceitável, respectivamente. Não fazer bem ao próximo é inaceitável, entretanto,
tem gente que aceita. Talvez esteja me esforçando na empatia, bonitinho isso. Melhor
do que ficar interferindo na vida alheia. Isso lembra vizinhos. Não esqueça dos
vizinhos e dos parentes! Todos prontos para propagar novidades, parentes são os
fiscais da sociedade e dos padrões, dizem vistoriar a felicidade. Vizinhos e
parentes que não te visitam naquela gripe forte, mas se sentem da família,
opinam como ninguém, são mantenedores das regras e dos bons costumes. Família
não é parente. Família nós aceitamos. Não namorar parece estranho, como não
casar também parece e não ter filhos chega ser uma afronta. A sociedade
falando! Pagar a conta parece aceitável, dividir a conta, em tempos modernos,
também. Ser gentil e atencioso, aceitável. Fiel e amoroso, aceitável. Bem
vestido e educado, aceitável. Tudo isso sem equilíbrio, erro. Presente e
inovador, aceitável. Isolado, erro. Assistir séries ao invés de sair para o
bar, erro. Ler demais, erro. Aliás, quem muito lê fica “esquisito”. O correto é
ir cortando um hábito aqui, um costume ali, um pouco do seu EU acolá, e esperar
que te olhem com mais complacência. No fundo a aceitação não virá de nenhuma
forma, mas é capaz que se sinta menos “outsider”. Você não será você, mas
talvez a felicidade criada socialmente atenda o seu EU artificial. Você, seu
EU-artificial, preocupado demais para não se moldar. Existem tentativas de ser
você que fracassam, mas a sua gentileza permanece lutando com tanta besteira de
aceitação. Ser feliz, fazer feliz, isso é aceitável. Saber reconhecer o valor
das pessoas, independente de aparência, isso é amor. Ser bom não é ser bobo, se
posicionar não é ser grosso. O nome
disso é ser humano, sem aspas, que é o mesmo ser que tropeçando e se reerguendo,
quando pode, constrói sua existência. Aos trancos e barrancos, como querem os
antigos. Pra terminar com frase de efeito, o certo seria seguir e aprender, dialeticamente, como se constrói
o seu EU e descartar, paulatinamente, a sociedade hipócrita que nos envolve. Bonito isso.
LG
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