quinta-feira, 16 de julho de 2015

.Que é pra todo mundo acordar, não fale da vida, nem fale da morte, tem dó da menina, não deixe chorar.

A ideia de estar na companhia de um livro é uma das ideias mais agradáveis que a nossa cultura inventou, alguém que não lê terá um infância solitária, uma juventude solitária e uma velhice solitária. Porque as pessoas existem, mas não estão sempre disponíveis. Pobre daquele que fica velho antes de ficar sábio. Já que a velhice é inevitável a sabedoria é um ganho. Porque senão você será apenas um velho bobo.

O mordomo voltou. Infeliz. Tenho tomado esses cafés solúveis e decorei os cardápios espalhados pela cidade. Que nojo da comida pronta, que saudade da casa arrumada e de cortar legumes, fatiar a carne, saudade do cheiro do bolo assando. E além de tudo é férias, poderia fazer! Vê se trabalha homem, você está recontratado. Agora temos dois gatos, acostume-se, eles fazem sujeiras pelos cantos, arranham as costas das cadeiras, vê se educa os bichanos a fazerem xixi na caixa. Recolhe o fedido. Isso sim é indesejável. E cuidado com a cirurgia da gata, não tromba nela. Por onde andou Alfred que não me deu sinais? Por que me deixou aqui com Bethânia e essa Hilst? Quase enlouqueci, mais, mais e mais. Deve existir uma punição. Comece pelo escritório, tire todos os livros, limpe a parede dos quadros, limpe os quadros, a luminária e a poltrona, mas não mexa na caixa. Não sei se tenho mais intimidade para dividir o de dentro com você. O que está olhando? Acha que envelheci? Eu acho que envelheci. Olhe bem para os meus olhos, ainda acha sentimento neles, aquela volúpia, sente o olhar iluminado? Fale! Eu sei disso dos repousos, e que o brilho é recuperável. Mas estou repousando, faz tempo já, estou até bem descansada.


LG 

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