Começa assim:
“É de manhã, é de madrugada, é de manhã, não sei mais de nada, é de manhã, vou
ver meu amor”. Falta Chico e Caetano no mundo, falta gente que saiba ser gente,
que não se projete “ão”, quando na verdade é “inho”. Gente que saiba de verdade
seu tamanho, nem pra mais, nem pra menos. Ontem falei sobre senso-comum para
umas 60 pessoas, todos concordaram, afirmativos e convictos que senso-comum
deve ser negado. É preciso comprovar as coisas, eles assentiram com a cabeça. Um
grupo saiu da faculdade, caminharam pela calçada e nesse momento dobrou a
esquina um jovem negro, todos guardaram os celulares e as meninas apertaram as
bolsas no corpo. Diógenes e seu cinismo. Eu e minha insônia. Se o jovem fosse
branco, sorririam? Permanece o senso-comum, quando na verdade deveria
permanecer o bom senso. Ah! Quanta intolerância de madruga, minha cara. O Meio:
“Corre alta Severina noite, no ronco da cidade uma janela assim acesa, eu
respiro o seu desejo, chama no pavio da lamparina, sombra no lençol que te
tateia a pele fina”. Falta Ney no mundo, pessoas que peitam as verdades
absolutas, que desafiam os dogmas, que vestem seus cílios e brilhos e não se
escondem. Ó mulher, porque toca em tudo? Por que esses assuntos, essas
melodias, como se fosse dissecar toda a gente? Como se tudo devesse ser
revisado. Simples. Pela necessidade da revisão! Estamos nos matando, em todos
os aspectos, estamos emburrecendo e embrutecendo, acostumamos a aceitar. Não
sabemos mais aceitar o amor. Oh! Que comece o sentimentalismo. Sabemos aceitar
nossa forma de amar, julgamos o amor do outro. Somos sempre mais dignos que o
outro. No próximo ano esse blog faz 10 anos de existência e amanhã amanhece
como deveria amanhecer. Segue a normalidade. O Fundamentalista permanece
fundamentalista, o ateu permanece ateu, e cada uma transa com quem quiser. Tudo
isso é questão de sobrevivência. Desabafamos o que nos transborda para não
importunar o outro. Em um livro, desses que cai no vestibular (procure), existe
uma frase que diz: “Estão todos dormindo. Se ao menos a criança chorasse. Que
miséria”. É do Graciliano. Se ao menos amanhã fosse um outro, e se as pessoas
fossem mais graciosas, amanhã teria um outro perfume. Hilda Hilst, descanse no
Olimpo. Bethânia, continue existindo pela eternidade afora. Birigui, sem
previsões.
LG
Um comentário:
Muito bom!
Me ganhou já no primeiro parágrafo :P
“É de manhã, é de madrugada, é de manhã, não sei mais de nada, é de manhã, vou ver meu amor”.
Bom senso, quanto mais, melhor!
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