Cá estou. Tomando
chá de cadeira em uma sala vazia. Já não importa a forma, a norma, a técnica. Nesse
tempo que o importante é ser. Já não importa a métrica. Ninguém entende. Os
autores ficaram assim, todos incompreendidos. Os leitores mortos, mesmo que vivos.
Já não existe vergonha e erro, o que importa é ter. Sabe-se lá das coisas,
entende-se muito pouco. Importa a ilusão. E os anos passam, a vida passa, e o
que importa é o vão. Esse escuro entre o hoje e um outro qualquer coisa que
venha. Aquela ânsia passou, passaram todos. Já não existe senão. Todos se
encurtaram, se arrasaram, beiraram o chão. O que era poesia, virou prosa.
Também não importa. Importa o ontem, as lamurias, o não feito. Importa a pena. Importa que sintam, mas não. O hoje passa. O amanhã
é longe. Resigna-se.
LG