segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

.Estou convicta de outra noite insone.

Sei que ele estava naquela prateleira acima da linha dos meus olhos, atrás dos poetas portugueses, um palmo à direita da Comédia Humana, porém não será assim tão fácil reencontrar sua vaga. A esta altura os livros já estavam acomodados no fundo da estante, já se empurraram uns contra os outros, parecem que engordam quando confinados. Na ponta dos pés desloco um Bocage da fileira da frente. Há algo de erótico em separar dois livros apertados, com o anular e o indicador, para forçar a entrada de O Ramo de Ouro na fresta que lhe cabe.

BUARQUE, Chico. O Irmão Alemão. São Paulo: Companhia das Letras, 2014. p.10

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