Não sei,
lembro-me de que era feriado. Ah, como então eu queria o silêncio: ele me
distrairia daquele grande vácuo divino que eu tinha contigo. Eu, a deusa
repousando; tu, no Olimpo, O grande bocejo da felicidade? A distância se
seguindo à distância, e à outra distância e mais outra - a fartura de espaço
que o feriado tem. Aquele desenrolar-se de calma energia, que eu nem entendia.
Aquele beijo já sem sede na testa distraída, o beijo pensativo no já amado. Era
feriado nacional. As bandeiras hasteadas. Mas a noite caindo. E eu não
suportava a transformação lenta de algo que lentamente se transforma no mesmo
algo, apenas acrescentado de mais uma gota idêntica de tempo. Lembro-me que eu
te disse: - Estou com um pouquinho de enjôo de estômago - disse eu respirando
com alguma saciedade. - Que faremos hoje de noite? - Nada - respondeste tão
mais sábio que eu -, nada, é feriado.
A paixão segundo G.H
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