segunda-feira, 21 de outubro de 2013

.É a cólera de saber que tudo me possui e ao mesmo tempo nada.



Sei que posso falar a noite inteira e esvaziar teus eternos conceitos, sei tudo o que tu és, veludosa e decente, redondez, FAMINTA DO MEU GESTO, sei, Hamat, que vais dizer que, se mudo de casa, mudo de natureza, e que é inútil querer o real do meu espaço de dentro, sei que vais dizer que eu, homem político, devo permanecer junto aos homens, abrir e fechar constantemente as mandíbulas, SEI QUASE TUDO DE TI, DE MIM SEI NADA, sei muito dessa palha que se chama aparência, sei nada dessa esquiva coisa estranha no meu ser de dentro.

HILST, H. Dentro de mim, “sagrado descontentamento”. In. Cascos e Caricias. São Paulo: Globo, p.127

Um comentário:

Jorge Ferreira disse...

Duchamp e Hilda - percebo agora, tudo a ver. Abraço!