Já havia esquecido o sentimento reconfortante da primeira semana de trabalho, é quase como um cansaço prazeroso. Depois, é claro, como todas as outras coisas, a rotina acaba por tornar o trabalho insuportável, e, no segundo mês, você deseja férias. Mas o começo, Ah! O começo tem um quê de reconhecimento com merecimento... Hoje de manhã, na sala dos professores, uma fila se formava frente a garrafa de café. Desisti do café e resolvi sentar ao lado de um senhor de cabelos brancos. Observei que ele conversava com a colega de profissão sobre Fernando Pessoa. Fiquei mais atenda. De repente ele solta, sabe aquele poema, "o poeta é um fingidor, finge tão completamente..." Parou, passou os dedos entre os cabelos brancos, olhou desapontado para a moça (que não ajudou), e disse: esqueci o resto. Começaram a rir, e no fim da risada eu disse: "que chega a fingir que é dor, a dor que deveras sente". Ele me olhou, a outra professora também, e foi assim que esse lugar, depois de hoje, se tornou menos hostil. Junto com o novo amigo grisalho veio um livro de sua autoria, poemas! Amanhã apresento um por aqui. E, como dizia Hilda Hilst, "não sabemos o dia de amanhã Hilé, talvez o amanhã demora para ser, recolha seus cacos que a mesa precisa do vazo". Segui pensando as deixas de Pessoa e Hilst, pensando na vida que segue revezando cascos e carícias.
sexta-feira, 23 de agosto de 2013
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