quarta-feira, 11 de julho de 2012

.Um vento bateu.


Talvez fosse mais culta que eu, estou admitindo. Beckett. Só conhecia uma leitora dele, minha querida musa de mãos finas. Mas ela era também leitora dele! Comprei na companhia da minha outra querida musa dos seios de gota. Incomparáveis. BECKETT. Molloy. Quantas musas senhores. Acabo de ter a brilhante ideia de demitir o Alfred, ainda mais agora que estou longe dele e não me serve pra nada. Uma mulher no lugar seria essencial. Como não pensei nisso antes, uma mulher servindo, limpando, agachando para limpar o cantinho da sala, aquelas meias sensuais. Ando, ando, ando. Preciso providenciar o uniforme e as contas. Gosto do Alfred. Tenho confessado meus gostos aqui. Mas uma mulher de saia limpando a cozinha toda molhada, ah! Escreverei: Alfred, muito obrigada pelos serviços prestados, caso precise de uma indicação para o novo trabalho, conte comigo. Deixarei dobrado o bilhete com a carteira assinada e uma recompensazinha. Ficarei a tarde toda, a noite toda, a semana inteira fora, para evitar seus olhos de cão. Aquela dor sofrida. Tudo por uma mulher! E como explicar para a outra patroa? Direi: mulheres são mais detalhistas, ela era uma indicação, amiga de uma tia velha, não teve como negar. E ela dirá: estou com dor de cabeça, falamos disso depois. Vai subir as escadas sem me olhar, tomar o remédio, se cobrir, e fingir que dormiu em 5 minutos. Não vou puxar assunto. Talvez devesse subir, explicar melhor a troca de Alfred pela bonitona, não, bonitona não, responsável e detalhista empregada. UNIFORMIZADA. Não esquecer! Quantos problemas com essa demissão. Devo voltar, resolver isso, culpar o Alfred de tudo e diminuir seu ordenado. Alfred não é sexy, é só o Alfred. A patroa é sexy! Fechei a persiana, pedi um copo de whisky, trouxeram do melhor. Nota: estou em Passargada. O escuro e a bebida ajudam a demitir a patroa, colocar uniforme no Alfred e fazer o Beckett agachar no cantinho. Hilst entenderia: “por favor, tudo isso tem sentido, tem sentido tudo o que aparentemente não tem sentido, e tem sentido também tudo o que realmente não tem sentido? Ah, eu queria ter sentido”. (HILST, 2003, p.39) Betha ia aplaudir essa bunda! Estou íntima de tantas musas, escreverei sobre isso. Estou firme, preciso ir ao centro da cidade. Boa tarde!
LG

2 comentários:

Alinne disse...

Nota: Com o salário do Alfred poderíamos ter uma loira, uma morena e uma ruiva.

Mas, pensando bem, eu já estou satisfeita com uma espanhola escritora, socióloga e viciada nos meus peitos.

E por falar em whisky, levarei o nosso no final de semana.

Lg. disse...

Leve o whisky e seus peitos.