sexta-feira, 3 de abril de 2009

.Pretendo também me embrenhar.


Mediante ao dia não tão produtivo o remédio foi escrever, pelo simples fato de justificar a preguiça e de produzir algo. Se os pensadores, os filósofos, os sociólogos, os antropólogos e toda a corja precisam do ócio para produzir e não apenas produzir, mas, criar teses e hipóteses de qualidade, então, julgo estar apta. Ócio. Voltemos à literatura para ilustrar o caso. Macunaíma, do glorioso Mario de Andrade, obra expoente do movimento modernista no Brasil, afunilando mais ainda, o anti-herói, o negro retinto, o sem caráter e o responsável por eternizar a frase “Ai, que preguiça!” sem nada fazer, sem mover uma palha, sem dar duro, suar a camisa e merecer o pão. “Ai, que preguiça!”. Só de descrever tantas tarefas já me cansa, já penso em uma rede, entro em clima de feriado, procuro o dia na agenda (para decretar feriado até que uma religiãozinha cai bem), mas só pra isso. “Ai, que preguiça!”. Vem-me a cabeça o Abaporu e as formas arredondadas da Tarsila, a Paulicéia desvairada do Mario, os Manifestos do Oswald, a música de Villa-lobos, o ócio, fundamental para se recordar, fundamental para produzir e necessariamente útil aos libertinos. Ainda, para terminar, cito “muita saúva e pouca saúde, os males do Brasil são” e depois de lido e analisado pelos senhores deixo “muita teoria, pouca empiria, os males da academia são”.

lg

6 comentários:

Gregório disse...

Redirecionamento do Ócio?!

Algo diferente nesse seu texto me despertou uma vontade enorme de comentar. Confesso que a muito não pensava nisso, arrisco dizer que muito do que pensava foi significativamente mudado, talvez pelas minhas laboriosas condições existências.

Realmente, o ócio apresenta uma grande capacidade criativa, além de permitir o redirecionamento, o questionamento, e o planejamento da própria realidade. O ócio nos auxilia a distanciar da lógica estritamente produtiva, no ócio nossos pensamentos e ações são motivados por vontades serenas e altamente sensoriais, mas não de maneira descomprometida. O ócio virtuoso, o qual os grandes filósofos sempre defenderam e tentaram promover, é aquele em que o comprometimento de si para si é o fundamento para despertar uma reflexão mais apurada. Percebe que não é de maneira nenhuma algum tipo de egoísmo, e sim uma atividade altruísta que possibilita o auto-conhecimento, e conseqüentemente a potencialização do princípio da alteridade.

Penso que o ócio pelo ócio em nada acrescenta para a existência humana, é necessária uma resignificação e um redirecionamento do ócio, como queriam os grandes pensadores da humanidade.

Aspone disse...

Uau, estamos te dando trabalho não?
Gostei desse texto, tão mais simples que os outros posts, tão mais revelador.
Mais ou menos íntimo?
Gostei do seu texto do nieztche, mas vou comentar por lá.
Aliás, que tipo de pessoa é você hein, excelente gosto musical e agora nesses ultimos dias eu descubro um excelente gosto literário também.
O ócio, ah ócio.
Aquele meu blog é pra ser um blog de humor, e o nome dele é um expressão comum na cidade onde nasci, no primeiro post do blog eu explico mais ou menos, e no ultimo tbm. Mas eu vi que vc descobriu meu lado sensivel, achou meu blog de poemas e é até seguidora. É uma honra saber que vc leu algo por lá.
O ócio, ah o ócio, ele que me permi te isso, eu.

Bjos, até breve

Aspone disse...

ah, podia ter psicólogos entre os filósofos, sociólogos e antropólogos.

p disse...

Ah, tem que ter aceitação, então vc lê todos. Muito legal isso, inclusive vc já tem o blog há um tempão e tem inúmeras postagens, legal isso tbm.
Pois então, de novo me surpreendi. Ah, falando nisso, se vc jura que pensou em mim e colocar psicologia, podia ter colocado né! O meu post explicando o site foi por vc tbm.
Então, já estou te seguindo duplamente, até com esse fake agora, que sou eu, agenor. To comentando com ele pra não ficar diversas vezes meu nome aí, e eu não tenho outra forma de comunicação, mas eu to precisando, prq eu quero sua ajuda pra por musica no meu blog tbm. Como eu dizia, me surpreendi, tava por aqui e de repente tocando "eu não sou da sua rua" na voz do arnaldo e depois "magalabares" com marisa. É mto bom isso, mto bom.
Pois então, nos falamos!

bjos

felipesfr disse...

tem selo p ti lá em meu blog

felipesfr disse...

pois é..

ócio..
algo que hoje é considerado algo de "vagabundo", que precisamos produzir..
como vou saber pra onde quero ir se nem sei quem sou.. e só saberei quem sou se parar para pensar.. me enfrentar, me experimentar...

como é bom.. parar e pensar.. deixar a mente flutuar..

isso é mais que simples descanso, isso é sabedoria..

os filosofos gregos q digam