"Não posso. Não posso pensar na cena que visualizei e que é real. O filho está a noite com dor de fome e diz para a mãe: estou com fome, mamãe. Ela responde com doçura: dorme. Ele diz: mas estou com fome, mamãe. Ela insiste: durma. Ele diz: não posso, estou com fome. Ela repete exasperada: durma. Ele insiste. Ela grita com dor: durma, seu chato! Os dois ficam em silêncio no escuro, imóveis. Será que ele está dormindo? - pensa ela toda acordada. E ele está amedrontado demais para se queixar. Na noite negra os dois estão despertos. Até que, de dor e cansaço, ambos cochilam, no ninho da resignação. E eu não aguento a resignação. Ah, como devoro com fome e prazer a revolta". Clarice Lispector
terça-feira, 8 de maio de 2007
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3 comentários:
Doloroso...
Clarice, sempre clarice!
Não demore tanto, a ausência sua me doi...não demore!
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