Estou aqui
rodeado de convenções. Hoje de manhã uma mocinha, bem convencional, de uma
convenção de informática, me perguntou de qual convenção eu era. Disse que era
da convenção dos escritores e senti que ela não acreditou. Tentei uma segunda:
estou em convenção comigo mesmo. Ela não entendeu. Tá difícil o nível aqui,
como convém. Sei que não é nada convencional
ficar na beira da praia bisbilhotando convenções alheias. Mas sou um
profissional, já disse. Profissional da curiosidade. Tenho curiosidade por
essas pessoas que conseguem trabalhar juntas. Ficam lá na salinha ouvindo o
chefe ensinar, pasmas. Como prestam atenção! Tem tanta coisa boa pra se
aprender na vida e ela aprendendo logo aquilo? Será que quando ela voltar,
ainda com o barulho do mar lá fora, vai perguntar para o namorado, toda cheia
de sabedoria: - Você sabe o que aconteceu com o Dow Jones? E se o namorado
disser que nem sabe quem é esse sujeito, vai dançar. As convenções existem é
pra isso. Como seria uma convenção de
escritores? Uma fogueira de vaidades? Testemunhas de acusação? Um álbum de
família? A mãe? O filho pródigo? Um encontro marcado? Um jogo de amarelinha?
Uma alquimia? Ou seria uma utopia e uma peste?