The Best of
Blue. Tem como começar melhor? Não. Podemos melhorar aos poucos, mas ao som de
Miles Davis 1959 – Kind of Blue, parece mesmo que a coisa começou certa. É
sexta, todo mundo espera alguma coisa de uma sexta a noite. Do sábado Lulu
espera mais, Rá. Entretanto é sexta, blues, whisky (uísque para abrasileirar),
folha em branco, parece aquele pedacinho do céu. Do meu, porque alguns achariam
esse meu céu tedioso. Tem papel no céu, Teístas? Se não tem acabou a graça
celeste. Tem Blues? Jazz? Rock? Tem que ter, gente. Tem que ter fone de ouvido
no céu também e o pessoal não pode ter sexo, genitais, vontades, etc. Quem deu
deu, quem comeu comeu, morreu? Não dá nem come mais, a-ca-bou a palhaçada. Vira
tudo amiguinho, por isso dá tempo de brincar com leão, pentear ovelha. Hmmmm.
Parece tão agradável. Dave Brubeck é agradável – Take Five, parece ter saído de
um filme policial, estilo Sherlock. Os bares estão cheios de pessoas
desagradáveis, tentando disputar com outras pessoas que vida vai melhor.
Bukowski era sujinho, mas não é porque é descuidado que não sabe das coisas,
Buk trocava um bar por uma garrafa em casa e sua vitrola: “o uísque é o cão
engarrafado”, reflita. Estou lendo um livro do Orwell, na sua biografia diz que
ele era totalmente contra homessexuais, coisa estranha, hoje o mundo está
dividido entre contra e a favor de quem quer transar com pessoas do mesmo sexo,
antes o mundo se dividia contra ou a favor de pessoas negras e brancas juntas,
polêmico essas coisas, debates tão datados. Do tipo que você se posiciona
depois se arrepende. Fiz uma vela cítrica com laranja e cravos, linda linda,
mas me senti meio hippie, como sei que não tenho vocação para isso fiquei mais
tranquila. Que medo do rótulo. Quem precisa de bar com papel, caneta, lápis e
silêncio (em casa). Si-lên-cio. Ela sabe dividir as sílabas gente. Coisa boa.
Como é bom-ruim crer e descrer na humanidade. Dá para fazer várias coisas
produtivas, ouvir Horace Silver – Song for my Father, acreditando que você está
bem assim, com seus papeis e livros. Que gracinha essa música, melhor do que
tudo que temos por ai, tirando Chico e Bethânia e o povo do tempo deles. Queria
falar da música nova da Bethânia, mas esse Silver, gente, que talento, vou
esperar ele acabar, ai falamos. Temos tempo, o bar não fecha, a estante está
cheia, a garrafa -nem tanto. Pausa aqui. Silver, seu lindo. Acabou, agora
podemos mudar de assunto, porque a música desconcentrava, dá vontade voltar,
mas ai o texto não termina. Puta merda, começou outra pra quebrar as pernas,
Coltrane – My Favorite Things, belíssima. Vou ter que falar da talentosa no
meio desses fofos, então lá vai, Betha cantou uma música chamada Mortal
Loucura, o que é isso? Escutem. Você vai atingir a felicidade em segundos, por
entender o que ela fez com as palavras, depois você fica se achando o máximo da
inteligência, depois você só presta atenção na voz mesmo, que já é o suficiente
né? Por Deus. Odeio quando pegamos o copo com algo gelado dentro e vamos
levá-lo a boca e o suor da caneca fica pingando na calça, tem que resolver
isso. Não teve mesóclise ainda: fazê-la-ei. Texto longo: terminá-lo-ei. Foi
bom.
LG