sábado, 16 de junho de 2012

.Do NADA.


Bonito isso. Essa coisa de subir a colina a cavalo, escuta, era de noite ou de dia? Eram planos. Chegamos ao cume. Não saímos de casa. Era manhã. O ar tinha certos cheiros. Concentre-se, isso me interessa, que cheiros exatamente? Oh, mulher, conte os cheiros que havia. Se eu soubesse que cheiros eram eu não teria dito certos. As sutilezas da língua. Então aproveite e fale do seu de dentro, porque assim como você vem fazendo a coisa vai se perder. O meu de dentro é turvo, o meu de dentro quer se contar inteiro, quer dizer que nos juntamos aqui por algum propósito, acho que seremos alguém, não podemos estar aqui por nada. Nem eu as colocaria aqui por nada, entende? Tu mesmo, seria tão simples te definir. Ou não te defino? 
Hilst, H. Fluxo-Floema. SP: Globo, 2003. (p.37)

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