Passar por homem honrado é duro! Manter constante equilíbrio, pensar mal e falar bem, que labutação era o fantasma da retidão, sendo o espectro do crime. Este contra-senso foi o destino dele. Era-lhe preciso mostrar ares apresentáveis, escumar por baixo do nível, sorrir em vez de ranger. A virtude, para ele, era coisa que esmagava. Passou a vida a ter vontade de morder aquela mão que lhe tapava a boca.
E querendo morde-la foi obrigado a beijá-la.
Ter mentido é ter sofrido. O hipócrita é um paciente na dupla acepção da palavra; calcula um triunfo e sofre um suplício.
HUGO, Victor. Os Trabalhadores do Mar. SP, Nova Cultura: 2003. (p.158)
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