E o que é
ideologia afinal de conta? É como aquele começar de um texto que não se sabe
narrativo, descritivo, metafísico, teórico e o caramba todo. Ai você vai e
escolhe um modelo. Talvez ideologia, no mais diminutivo de tudo, é se
posicionar sobre a coisa. Seja ela qual for. Você vai lá descobre o assunto e
se coloca nele, pra menos ou pra mais, pra um lado ou para outro, com os
argumentos que conseguir, mas se coloca nele. Como exemplo o fato de não ter o
que escrever esses dias todos, o não dito, é uma questão ideológica das
maiores. Depois você volta e escreve se quiser, se não quiser não escreve. E
defende depois o porquê disso tudo. É isso, ou pelo menos deveria ser isso. Nem
deveria ser esse o foco, mesmo porque teremos que pegar todo o eixo filosófico
e justificar o que é ideologia, para, só assim, fugir do senso comum. Mas, quem
quer isso? Deus nos livre, ainda é férias. Era pra ser um texto sobre fazer
textos, ou algo menos esquisito. Uma coisa bem aleatória que combinasse com The
Doors e a televisão lá no fundo. E foi começar por onde? Pela encrenca do
conceito. O que dá todo o direito de mudar o texto no final, por que não? Esses
dias em uma mesa, sem assunto, resolvi falar da Ilíada de Homero e de Príamo,
Helena, Menelau, Helena de novo. Parecia uma coisa desinteressante, não pra
mim, porque eu que puxei o assunto, mas foi escorregando o tema, caiu em
religião e virou terra de ninguém, até acabar em Iluminati (nessa hora eu já
havia abstraído). Ideologia isso. Não sei se da classe dominante ou da dominada,
teria que voltar a Marx, Bourdieu diria que como estamos no campo do capital
cultural é coisa da classe dominante, Marx diria que se for da classe dominante
é um mecanismo para manter o controle sobre a classe dominada, conclui-se que:
minha intenção de falar sobre os Troianos, os Gregos e o Olimpo era um papinho
bem de direita. Não é nada legal ser de direita, quando você não escreve de
dentro do seu Iate na costa do Caribe. Que tédio essa direita. Quanta besteira.
No final o que importa é desbravar os mares por amor, como queria Homero.
Talvez ele só quisesse narrar a guerra mesmo. Resumindo. Amar uma Helena e
acabar com Ílio, Tróia e quem estiver pela frente, esfregar na cara de todo
mundo que a viagem foi, um tanto quanto destrutiva, mas, nada que o Olimpo não
possa reconstruir e a beleza de Helena não possa abafar. Queria só ver. Dia
desses, pra terminar em ironia, se bem que ironia boa não se anuncia, apenas
é contada e pegue quem pegar. Vi umas fotos de uma professora que está
passeando pela Grécia, fotos fantásticas, uma delas ela fotografou o parlamento
grego, Hellenic Parliament, coisa linda, a praça cheia de gente, como na boa e
velha Ágora, cheia de jovens. Quando, para minha grande decepção, encontrei na
legenda: jovens esperando Pokémon, ao fundo parlamento Grego. Minha professora
é foda, complicado é essa geração sem ideologia ai, ainda querem uma escola sem
partido, como se adolescentes não soubessem o que é melhor pra eles ou que Pokémon
seguir. #foratemer